Corações Alienados

As coisas não estavam andando muito bem na vida do meu filho. O casamento de pouco mais de um ano vinha se desintegrando e seus negócios acumulavam prejuízos. O rapaz brilhante e cheio de energia agia de forma errática, vacilante e volta e meia me procurava para chorar as mágoas. Suas visitas estavam se tornando frequentes ao ponto de bater na minha porta sem aviso.

Naquela manhã, apareceu em minha casa cedo, com o pretexto de buscar uma ferramenta. Queria mesmo, como das outras vezes, um colo. Primeiro me irritei ao vê-lo parado na porta, chegando mais uma vez sem avisar. Todos sabem que detesto visitas na parte da manhã, quando ainda estou despertando. Nestas horas estou sempre de mau humor. Leva algum tempo para pôr as ideias no lugar e acordar por completo, de forma que sua visita naquela hora não era oportuna.

Me encontrou ainda sonolenta, na cozinha, em busca de um café. Estava descalça, com um short curto e largo, que uso para dormir e camiseta folgada, resquício de algum ex-namorado. Detestava ser vista sem sutiã, sem poder controlar meus seios, fartos por sinal, sem falar da cara amarrotada, ainda com sono e dos cabelos longos em desalinho.

Sempre fui muito vaidosa e aos 50 anos ainda mantinha o corpo em prumo. Baixa, magra do tipo mignon, esbelta, pernas roliças, sem estrias ou celulites. Bunda pequena e perfeitamente redonda, proporcional a minha altura e que se confundia com as coxas, ainda bem carnudas e longas. Meus seios ainda aprumados sempre foram de deixar os homens em delírio e desejo ao vislumbra-los pelos decotes profundos que gosto de usar. Apesar de já ter gerado três filhos, não tenho marcas ou cicatrizes de parto. Minha cintura é fina e a pele viçosa. Meus longos cabelos louros e olhos verdes me rejuvenescem uns dez anos e vez ou outra ainda recebo cantadas de amigos de meus filhos, de quem sei ter sido alvo de desejo em suas adolescências, período em que frequentavam nossa casa.

A única coisa da qual nunca me orgulhei eram minhas mãos. Dedos curtos, enrijecidos, típicos de quem faz trabalhos manuais. Sou escultora, acostumada a pegar em massas, as quais dou formas e minhas mãos nunca foram delicadas. Na hora do sexo deixava marcas nos homens com minhas apertadas selvagens. Demoro muito para atingir o orgasmo e por isso preciso apertar o corpo do parceiro, me agarrar em um ponto fixo para empurrar meu corpo para a penetração. Na maioria das vezes preciso de penetração anal simultânea e dai, meu sexo vai além do típico papai e mamãe. Com esses atributos, evitava a todo custo ser vista sem maquiagem ou roupas adequadas, mesmo que pelo meu filho.

Aos 25 anos, João Paulo era fisicamente um homem completo. Orgulho de qualquer mãe e objeto de desejo de qualquer mulher. Ninguém entendia porque seu casamento não ia dando certo. Clara, sua mulher, era da mesma idade. Bonita de chegar a perfeição, apesar da minha intuição dizer que aquela beleza vinha com um prazo de validade, devido aos mimos e excesso de cuidados que recebeu de seus pais. Eu sentia que aos trinta, aquelas coxas bem volumosas e fornidas iriam despencar, junto com uma barriga, agora reta mas que já dava sinais que com o tempo iria alongar. Clara era mimada, ligava pouco para dietas e cuidados pessoais. Se preocupava muito com a própria imagem mas deixava correr frouxo com outros cuidados femininos. Se expunha muito ao sol, tinha alimentação desregrada e sua ansiedade decorrente da necessidade que sentia em manter as aparências de um status de vida que meu filho vinha falhando em providenciar iria logo cobrar a fatura em seu corpo. João Paulo me deu a entender, em conversas prévias, que em um ano só transaram quatro vezes. Ela alegava problemas uterinos que precisavam ser tratados mas eu sentia que faltava amor naquela relação. Ela havia se casado com a imagem do meu filho e não com o homem.

João Paulo era o símbolo da perfeição masculina. Alto, forte, volumoso, não do tipo gordo mas volumoso ao ponto de, caso se entregasse a uma rotina de exercícios, seria até musculoso. Era proporcionalmente grande. Mãos e pés enormes e firmes, braços longos, muito alto, torso farto e os ombros largos que toda mulher deseja para se aninhar. Havia puxado muito ao pai, inclusive na pele amorenada e cabelos pretos lisos. O rosto bem esculpido, com lábios carnudos e olhar penetrante completavam o conjunto.

Não fosse a falência dos negócios do meu filho essa farsa do casamento deles poderia durar infinitamente. João Paulo buscava sexo na rua e inclusive, chegou ao meu conhecimento que seduziu uma das minhas amigas, ao lhe dar uma carona certa vez, na saída de uma festa, com abraços apertados, na porta da casa dela. Eu só soube dos amassos e nunca me interessou saber se houve algo mais. Me incomodava a ideia de imaginar meu filho nos braços de uma de minhas amigas cinquentonas, devoradoras de homens. Nunca aprovei sexo entre duas pessoas de gerações tão distintas e por isso sempre resisti as investidas dos amigos de meus filhos. Apesar de por vezes fantasiar como seria fazer sexo com alguém tão mais novo, me assustava com a ideia de que estes descrevessem nossas intimidades. Precisava manter uma postura discreta em frente aos meus filhos e transar com um de seus amigos sempre esteve fora de questão. Se bem que oportunidades não faltaram…

Parado na porta da cozinha, estático, seus olhos percorriam o espaço, em busca de repouso, enquanto escolhia as palavras. Senti que, meio constrangido, ele não conseguia desviar o olhar dos meus seios, cujos mamilos eram visíveis, através da camiseta. Por fim, balbuciou algumas palavras:

— Mãe, tudo bem? Desculpe vir tão cedo, estou precisando daquela lixadeira pra lixar uma porta.

Ciente de que sua visita era um pretexto para desabafar sobre algo, sabia que eu precisava deixa-lo a vontade para se abrir. O problema é que eu não estava preparada para dar nenhum conforto a ele naquela hora.

— E cadê essa porta? – Perguntei autoritariamente, deixando fluir meu mau humor matinal.

— Tá aqui no carro. A senhora me empresta um instantinho e eu trago de tarde.

— Faz o seguinte então, traz ela aqui pro quintal que eu lixo pra você. Não posso emprestar a ferramenta porque vou precisar dela mais tarde – conclui.

Em silêncio voltou ao carro para buscar a porta. Eu ainda não havia dado conta de que estava com tão pouca roupa. Minha cabeça ainda estava confusa. Não sabia se escovava os dentes ou procurava pelo sutiã. Enquanto refletia e organizava a mente com um gole de café, João Paulo retornou com a porta e a colocou em cima da minha mesa de trabalho, que ficava na varanda. Sem nem ao menos conseguir pensar direito, só queria mesmo me livrar desta tarefa, fui direto até a mesa com a caixa de ferramentas, sem me preocupar muito em trocar de roupa. Na varanda, ao sol da manhã, enquanto despertava pude notar melhor na aparência cansada do meu filho. Parecia que a noite foi longa e havia dormido pouco. Ao se aproximar de mim para ajudar no posicionamento da porta para receber a lixadeira, pude sentir o resquício de um bafo de cerveja.

— Eita, a noite foi boa, hein? – Disse em tom de brincadeira para quebrar o gelo e continuei — Pra que você quer lixar essa porta logo agora?

— Ah, mãe, nem sei, estou mesmo é querendo me ocupar com alguma coisa. Preciso dessa porta lá no escritório e nunca encontro tempo pra parafusar ela lá. Hoje é sábado e não tenho muito o que fazer – respondeu ele.

João Paulo não era o tipo de pessoa de não ter o que fazer. Muito dinâmico, estava sempre envolvido com seus negócios e nunca com afazeres domésticos. Sua situação penosa com o casamento e trabalho era evidente.

— Meu filho, fala pra mim, por que hoje você está assim tão cabisbaixo? – Disse, enquanto pausava a lixadeira — E Clara? Está na casa dos pais? Não voltou ainda pra casa de vocês desde a última briga?

João Paulo não respondia, sua mente estava distante. Olhava para o chão, para a mesa. Relutava em se aprofundar no assunto.

— Deixa quieto, mãe. Já falei, não tem mais volta. Depois do que aconteceu ontem, não quero mais saber não – respondeu por fim, em tom determinado e tentou mudar de assunto. – Ontem acabei indo beber com o Cláudio!

A simples menção daquele nome fez um calafrio percorrer minha espinha. Fingi completo desinteresse enquanto lembranças invadiam minha mente. Sem parar de fazer o que estava fazendo, dei prosseguimento a conversa:

— Vem cá, me ajuda a posicionar melhor essa porta na mesa – disse, quebrando um pouco a linha de raciocínio dele para continuar meu inquérito de mãe. –- O que que aconteceu ontem? – Perguntei diretamente, enquanto ajeitava a mesa para passar a lixadeira.

— Nada muito sério. Apenas decidi umas coisas – respondeu resoluto.

–Tem a ver com Cláudio? – Rebati.
— Não, nada. Apenas decidi umas coisas e depois fui beber com ele – concluiu.

Cláudio era um dos amigos de meus filhos que mais me assediavam. Talvez o mais atrevido. Me espiava, bolinava, não perdia uma oportunidade de me passar a mão, constantemente se expunha pra mim e certa vez, numa daquelas noites em que dormiu na nossa casa, acordei com ele sorrateiramente esfregando o pau em minhas nádegas, no meio da noite, enquanto os meninos dormiam. Lógico que o espantei do meu quarto, sob a ameaça de fazer um escândalo. Nunca o levei a sério e nem nunca disse nada aos meus filhos sobre suas investidas. Achava normal que adolescentes se comportassem dessa maneira durante a explosão de hormônios da puberdade e ele não era o único a me assediar. Não queria provocar animosidades com as amizades de meus filhos. Mas sua insistência era tamanha que um dia acabamos por nos beijar. Antes que cedesse a tentação, fiz de tudo para me afastar e já faziam anos que não nos víamos, apesar de saber que continuava a se relacionar com meus filhos e vez ou outra frequentar a casa de João Paulo. Não conseguia imaginar se o tempo o havia tornado mais maduro mas algo me dizia que naquele momento não parecia ser uma companhia recomendável para João Paulo.

— E como vai ele? – Perguntei, ainda fingindo desinteresse, enquanto manipulava a mesa.

— Ele está bem. Terminou agora a faculdade – continuou. – Temos nos visto com mais frequência ultimamente.

— Não estava sabendo. Você não me fala essas coisas… – falei vagamente, dando de costas.

Em seguida, me ajudou a mover a mesa, se posicionando por trás de mim. Nossos corpos se tocaram por um segundo e pude perceber que suava frio, talvez em consequência da ressaca pela qual passava naquele momento. As mãos trêmulas confirmavam o diagnóstico.

— Escuta, você sabe que sou e sempre serei sua mãe e comigo você pode se abrir. O que está te afligindo agora? Já conversamos tanto sobre isso. Pensei que você estivesse lidando bem com essa situação. É hora de focar em seus negócios – disse, em tom carinhoso, me virando e olhando diretamente em seus olhos, que fugiam dos meus mas, nesse momento me olhou fixamente nos olhos.

— Mãe, é delicado. Nem eu mesmo sei o que está me dando. Não tenho como explicar. Deixa eu me entreter com essa porta e depois, talvez, eu consiga raciocinar melhor – disse, dando de costas.

Sua resposta me deu a entender que havia tomado alguma decisão séria e logo após foi beber com Cláudio. João Paulo era muito decidido, falante, arrojado. O que for que tenha decidido ainda o deixava vacilante e isso me preocupava.

— São os negócios? Você sabe que tem capacidade de conseguir um bom emprego. Você ainda é jovem, tem uma vida inteira pela frente. Já conversamos muito sobre isso. Por que esse desânimo agora? O que está acontecendo? Fale pra mim – insisti, puxando-o pelo braço, trazendo para um abraço.

Eu, baixa, quase na ponta dos pés, me esforçava em manter uma mão em sua nuca e a outra em sua cintura, simulando um abraço carinhoso de mãe e filho, puxando sua cabeça na minha direção, a vista de seus olhos. Ficamos bem próximos e ele correspondeu repousando uma das mãos em minha cintura e a outra nas costas, trazendo meu corpo para junto do seu. Ele estava quente, trêmulo. Ficamos com os rostos colados. Pude sentir seu hálito. Seu corpo estava retesado, rígido, a respiração pesada.

— Mãe, depois a gente conversa mais, deixa eu ir parafusar essa porta primeiro – disse serenamente para fugir do meu inquérito, ao meu ouvido e finalizando com um beijo no rosto e outro na testa.

Naquele momento nos abraçamos e voltamos a colar os rostos, seu abraço era mais forte. Senti que estava carente. Por estar sem calcinha, só com meu shortinho curto, pude sentir o volume de seu membro por baixo da bermuda. Não sei se já estava assim ou se havia se excitado com nosso abraço. Inconscientemente esfreguei a perna para sentir melhor o volume. Apenas pude perceber que aquela pressão do seu pau em minhas pernas também o havia deixado incomodado. Correspondi com outro beijo no rosto e ele, acariciando meus cabelos, me beijou no rosto de novo, dessa vez mais próximo aos lábios, e mais outro e outro, até que nossos lábios se colaram. Naquele momento sua mão percorria minhas costas por baixo da camiseta, o que me deixou arrepiada. Senti que a situação entrava em um ponto perigoso. Seu membro, pressionado contra a minha perna, agora latejava e sua mão em minhas costas pressionava mais firme. A pressão de seu membro no meio das minhas pernas até que era agradável. Automaticamente me afastei e repeli o beijo.

— Bom, leva essa porta então e volta aqui pra gente conversar – disse, me afastando lentamente
do abraço com um tapinha amistoso no braço.

Meio constrangido ele concordou e saiu levando a porta sem nada dizer e voltei aos meus afazeres.

Enquanto tomava banho, a ficha foi caindo aos poucos. A atitude de João Paulo denotava algo sério, que ele não conseguiu me dizer. Me bateu a preocupação de que havia sido grosseira com ele, não permitindo que se abrisse mais. Praticamente o havia expulsado com minha atitude. Talvez o beijo repelido tenha sido o motivo para finalizarmos a conversa. Comecei a me sentir culpada.

Ao sair do chuveiro, o telefone tocou. Era Magda, a mãe de Clara. Do outro lado da linha, sua voz serena vinha carregada de um tom sério, formal, não parecia muito a pessoa com quem sempre mantive contato muito cordial, inclusive neste momento tão delicado. Nunca procuramos defender nossos filhos uma pra outra. Sempre concordamos que deveriam seguir suas vidas independentes, sem nossas influências e concordávamos que os dois ainda eram muito imaturos para um relacionamento tão sério como um casamento. Magda preferia que sua filha se formasse primeiro mas não se opôs ao casamento de papel passado. O pai, por sua vez, era daquele tipo que trata a filha a pão de ló e fazia muita pressão em João Paulo para que provesse o melhor para sua filha. A ligação de Magda só fez aumentar minha aflição:

— Rute, precisamos conversar pessoalmente – disse pausadamente, do outro lado da linha.

— Nossa, Magda, o que houve? O que aconteceu que ainda não estou sabendo? – Indaguei aflita.

— Nada, não aconteceu nada. Apenas tive uma conversa com o João Paulo e concordamos que o casamento dele com minha filha chegou ao fim – respondeu pausadamente, meio que escolhendo as palavras. — Por falar nisso, ele apareceu por ai?

— Sim, ele esteve aqui agora, veio lixar uma porta e foi embora – respondi. — Por isso estou perguntando, achei ele muito estranho. Mas me diga, o que que houve?

— Não podemos conversar por telefone. Precisamos nos encontrar na hora que melhor lhe convier. Preciso muito falar com você – e concluiu — João Paulo não lhe falou nada?

Aquela pergunta selou de vez os meus temores. Alguma decisão séria havia sido tomada e eu precisava saber.

— Não, não me falou nada. Que se passa?

— Pois bem, também estou preocupada com o João Paulo e precisamos conversar – disse, mais descontraída. — Não se preocupe que não é gravidade do tipo vida e morte, só estou preocupada com o psicológico dele.

Agora tentava me tranquilizar mas não estava obtendo sucesso. Dando a entender que se tratava apenas uma conversa sobre o relacionamento dele com a filha dela não diminuiria minha aflição. Fingi tranquilidade e minimizei a urgência.

— Tudo bem, podemos nos encontrar mais tarde ou amanhã para um café na sua rua. Vou levar o carro pra lavar no posto perto da sua casa e te chamo.

— Sim, o quanto antes – respondeu, finalizando a chamada com o mesmo tom solene do começo da conversa.

Fiz menção de ligar para João Paulo mas me contive. Precisava dar a ele tempo de refletir no que quer que fosse que quisesse me dizer para depois conversarmos. Aliás, as conversas com meus filhos sempre foram abertas e francas. Nunca tivemos problemas de comunicação. Deixava que soubessem de intimidades da minha vida até certo ponto, também tinha que manter o respeito mas sempre lhes dei estímulo para se abrirem comigo em tudo. Nunca fui preconceituosa ou condenatória pois sei que na juventude tudo é experiência válida. Até as ruins. Sempre me falaram abertamente de suas vidas, seus receios, suas dúvidas e até de suas rotinas sexuais. Que eu me restringia a ouvir sem julgamentos, me posicionando neutra para servir como um ponto de apoio forte para eles.

Por isso, agora me sentia culpada. Tivesse ele vindo em outra hora eu poderia deixa-lo mais tranquilo e a vontade para se abrir comigo. Precisava ouvir dele o quanto antes. Nisso o telefone ligou, era ele:

— Mãe, desculpe ter ido aí cedo. Precisava ver essa porta e… – Parecia estar escolhendo as palavras.

— E o que meu filho? Venha aqui conversar com sua mãe. Eu faço um bolo pra você – emendei em tom meloso. — Me fala o que você quer, que eu faço pra você!

— Há há, precisa não! – Respondeu quebrando o tom da conversa. — Vamos fazer o seguinte, queria te levar pra jantar num japonês, topa?

— Ah meu filho, quanta gentileza, tá, vamos sim, vou ficar te esperando! – Respondi, aliviada por senti-lo mais decidido e brincalhão.

Fiz menção de dizer que Magda havia me ligado mas me contive. Não queria alterar seu senso de humor. Desliguei e voltei a pensar sobre tudo o que aconteceu na manhã.

Por mais que pensasse, o beijo repelido não deixava de me atormentar. Não pelo fato de que isso o fez ir embora logo, sem ter tido a oportunidade de relaxar e me falar sobre o que estava acontecendo com ele mas, por mais que eu tentasse minimizar em minha mente e atribuir minha perturbação a isso, o beijo em si me incomodava. A figura perdida de Cláudio em meio a conversa também não ajudava.

E meu incomodo se voltava para Magda. O que ela teria pra me dizer? Pensamentos inundavam minha mente. Ao longo do tempo, consegui desenvolver grande cumplicidade com ela. Magda tinha a mesma idade que a minha, corpo esbelto, baixa, seios pequenos. Era muito bem tratada, típica dona de casa que passava a maior parte do tempo em salões de beleza, pagos pelo marido, um fanfarrão novo-rico cheio de infidelidades. Magda era bonita mas não ao ponto de uma beleza estonteante. Aparentava mesmo a idade, com um rosto bonito mas apresentando alguma flacidez. Me confessou certa vez que tinha amantes mais jovens. Me deu a entender que um rapaz, amigo dos filhos, que frequentava sua casa era um deles. Na época em que soube disso, fiquei perturbada e ao mesmo tempo excitada pois esse mesmo rapaz me lançava olhares de desejo. Não gostava de ver meu filho transitando em meio a uma família tão hipócrita, regidos por um casal de faz de conta.

A predileção de Magda por rapazes mais jovens começou atiçar meus sentidos. Teria João Paulo descoberto alguma coisa das infidelidades dela? Teria ela se aproximado dele? Não conseguia e não queria acreditar que isso pudesse ter acontecido. De repente meus pensamentos voltavam para o beijo reprimido. E sim, João Paulo gostava de mulheres mais velhas. O que o diferenciava de rapazes como Cláudio? Teria ele se envolvido com a sogra? Eu seria capaz de matar aquela cretina. Minha reação agora era de ciúme. Do filho, do homem, não sabia mais precisar ao certo. Estava confusa. Talvez carente também. Andava anestesiada pelo sexo burocrático que mantinha com namorados casuais. Fazia muito tempo que eu não perseguia as transas proibidas, que eram as que mais me excitavam quando o pai de meus filhos ainda era vivo. Casos que tive como quando dei para o pastor casado da igreja, o pedreiro que veio fazer obra na casa, pais dos amigos de meus filhos. Até o pai de Clara eu poderia ter faturado se quisesse. Me sentia empoderada para escolher transar com quem quisesse. Bastava escolher. Era por isso que caprichava nos meus decotes ousados. Com o tempo aprendi a medir o grau de desejo que os homens sentiam por mim e avaliar quais transas valiam a pena. Ultimamente eu andava anestesiada mesmo e a simples menção de Cláudio acendeu algo dentro de mim.

Passei o dia tentando me dedicar as tarefas de casa, inundada por pensamentos que invariavelmente retornavam para o beijo repelido. Por fim me convenci que deveria ter permitido. Que aquilo era apenas uma intimidade de mãe e filho, que era apenas um contato labial que por mais longo que fosse, terminaria apenas com um abraço apertado e mais carinhoso. No final das contas, o problema era minha confusão mental. Minha própria carência não me deixava distinguir que a maldade estava mesmo era na minha cabeça. Constrangi meu filho sem necessidade. Nunca que um abraço e um beijo inocente pudessem evoluir para algo mais sério. A malícia estava mesmo era em mim.

Tendo ajeitado em minha mente esta situação e digerido melhor os fatos, pude concluir melhor minhas tarefas. Tudo que parecia urgente já não era tão importante assim. Estava em paz com minha consciência.

Ao final do dia fui me arrumar, a espera de meu filho. Inconscientemente agia como se me preparasse para um encontro. Esfoliei o corpo durante o banho, com sais aromáticos, me perfumei e escolhi bem os adereços e a roupa que iria usar. O detalhe da calcinha preta veio no automático. Me deparei no espelho com uma mulher mais nova e vibrante, com maquiagem leve, acentuando os olhos verdes. Usava uma minissaia nova com cinto e uma camiseta com gola em V, decote bem profundo e vários colares para cobrir a nudez do peito. Decidi por um sutiã fino, uma vez que a camiseta era bem apertada e me dava um ar mais jovem. Pra finalizar, um tamanco holandês alto, para ficar mais a altura do meu filho.

Tudo tinha que ser perfeito. Eu precisava demonstrar segurança para deixa-lo tranquilo e se abrir comigo. Todo rapaz gosta de exibir uma mãe jovem e desejável por aí e eu não faria feio. O mais importante de tudo, eu deveria preparar meu ouvido para aquela noite. Precisava amenizar seus sofrimentos, quaisquer que fossem. Aquela altura já me sentia mais segura para aconselha-lo.

Ao ouvir a buzina do carro, segui para a frente da casa. João Paulo me aguardava, segurando para mim a porta do carona, para que eu entrasse. Notei que estava elegante, bem arrumado e perfumado. Usava o relógio que lhe dei no aniversário. Ao sentar no carro, enquanto procurava as chaves, me elogiou:

— Eita, mãe, tá um espetáculo com essa minissaia – disse rindo. — Mas precisava desse decote todo?

Sua observação me enrubesceu.

— O que é bom é pra ser mostrado, meu filho! – Disse com um sorriso amarelo. — Hoje é dia de ir pra balada, há ha! Quem sabe não arrumo alguém?

— Tá certo, tá certo! – Concluiu ele.

Rumamos para o restaurante em silêncio. Notei que apesar da atitude, ele estava sombrio. Ao chegar no restaurante japonês, Cláudio nos aguardava em uma mesa. Não consegui disfarçar a surpresa.

— Olá, Cláudio! Tudo bem? Não imaginava que estaria aqui nos esperando – comentei olhando inquisitiva para João Paulo.

— Pois é, mãe, queria fazer uma surpresa! – Respondeu João Paulo, visivelmente embaraçado.

Não consegui disfarçar muito bem meu desapontamento. Esperava jantar a sós com meu filho para saber o que estava acontecendo. Cláudio foi o único a não se perturbar com a situação, imediatamente se levantando para puxar uma cadeira para mim.

— Olá, minha “tia” preferida! Há quanto tempo não nos vemos, hein? – Retrucou animadamente.

Numa fração de segundo decidi relevar o desconforto da situação e colaborar para que o ambiente ficasse mais leve. Imediatamente me resignei e entendi que não seria ali, na presença de Cláudio que conseguiria fazer com que meu filho se abrisse. Resolvi compactuar com a situação.

— Mas que surpresa agradável, Cláudio! Me ponha a par do que anda fazendo – disse, ajeitando o tom da conversa.

Me sentei ao lado de meu filho e oposta a Cláudio. João Paulo pareceu se sentir mais relaxado e imediatamente ordenou um vinho e logo a seguir, mais outro. Cláudio tagarelava amenidades enquanto João Paulo o ouvia atentamente com um leve sorriso no rosto. Talvez fosse mesmo bom descontrair um pouco.

Enquanto fingia prestar atenção ao discurso de Cláudio, passei a analisar melhor o rapaz que não via há cinco anos. Estava decididamente mais robusto, o cabelo castanho sempre em desalinho agora era curto e bem cortado. Ombros mais largos, corpo mais definido e rosto livre de espinhas deixava ver melhor a face angulosa e o queixo proeminente. Suas mãos agora ostentavam dedos mais longos e bem tratados. Cláudio havia se tornado um homem sedutor. Enquanto falava, me olhava profundamente nos olhos.

Entre um vinho e outro, pedimos alguns sushis. Enquanto conversávamos, voltei minha atenção a silhueta do meu filho. Um homem igualmente robusto, másculo, bem vestido, de postura elegante. Difícil imaginar uma mulher que lhe negasse sexo e daí veio minha primeira investida no sentido de abrir as nossas conversas pessoais, num momento em que Cláudio foi ao banheiro.

— Meu filho, mudando um pouco de assunto, que bom que Cláudio está aqui para te ajudar a descontrair mas eu estou mesmo preocupada com você. Eu sei que já conversamos incansavelmente sobre isso mas, como você conviveu esse tempo todo sem transar direito com Clara? – Disparei.

— Mãe, é mais complexo – sentenciou. – E no mais a senhora sabe que me viro por ai, nas noitadas.

— É, Aline me contou… – Mencionei, meio que já me arrependendo de citar a amiga com quem ele teve os amassos.

— O que que ela te falou? – Disse ele nervosamente e rindo ao mesmo tempo.

— Ela não me falou nada, eu só soube através de uma outra amiga que vocês deram um amasso – minimizei a história.

— Não aconteceu nada, tudo exagero das pessoas – concluiu ele, demonstrando um certo alívio e evitando detalhar o assunto. — A gente estava bêbado mas não aconteceu nada, alguém deve ter interpretado mal e tirado conclusões. Só rolou um beijo de boa noite.

Sua desculpa me fez lembrar o beijo reprimido.

— Olha que um beijo provoca muita coisa… – Respondi em tom de brincadeira.

— A, mãe, para! – Respondeu ele, rindo solto.

Nesse momento Cláudio retornava à mesa e João Paulo tratou discretamente de mudar de assunto:

— O Cláudio me falou certa vez que era apaixonado pela senhora!- Disse, desviando o assunto.

— E continuo! – Emendou Cláudio. – Casa comigo, tia Rute!

O menino atrevido agora se tornara perigoso. Mal se sentou novamente e pude sentir seu assédio, através do pé embaixo da mesa, que roçava propositalmente na minha perna. Fiquei sem me mover e permaneci sorrindo enquanto olhava para ele fazer galanteios. Já estávamos na quinta garrafa de vinho e não fosse a missão de aconselhar meu filho até cederia ao seu charme. Àquela altura, dar para ele não parecia tão má ideia mas os assuntos que tinha com João Paulo eram a prioridade da noite. Me virei para ele e deslanchei um plano para leva-lo para minha casa e conversarmos melhor.

— Meu filho, dorme lá em casa. Você não pode dirigir assim para a sua – disse, demonstrando preocupação.

— É, estou pensando nisso mesmo. Agora me deu até um pouco de sono – disse, demonstrando naturalidade. – Tem cerveja na geladeira? Vamos pra lá Cláudio? – Completou com olhar provocativo.

— Hoje não chefe, tenho que adiantar algumas coisas em casa – retrucou Cláudio. – Adoraria passar uma noite na companhia da nossa rainha mas fica pra outra vez!

Nesse momento chutei seu pé carinhosamente, por debaixo da mesa, enquanto ria nervosa com o elogio. Em resposta, Cláudio pegou em minha mão, apertando suavemente e segurando meus dedos. Aquele toque me fez arrepiar. Já meio alto, João Paulo observava discretamente as mesuras de Cláudio com olhar vigilante. Sentindo-se meio intruso, levantou-se para ir ao lavatório e aproveitar para pagar a conta diretamente no caixa. Cláudio aproveitou para voltar ao seu estado normal de atrevimento, ressuscitando a velha intimidade:

— Nossa, tia Rute, você continua muito gostosa! – Disse, com olhar malicioso e entre sorrisos. – O que eu não daria pra mergulhar a cara nesses seios?

— Há, há! Você não muda mesmo, hein seu cachorro! Pare de saliência com a tia! – Respondi, sorrindo, enquanto segurava em sua mão sobre a mesa. – Não fique de deboche na frente do João Paulo, ele tem ciúmes.

— E quem não teria? – Encerrou, beijando minha mão, em antecipação ao retorno de João Paulo à mesa.

O atrevimento de Cláudio não me era insultuoso, eu até que gostava um pouco da adrenalina daquele flerte sujo. Ao largar minhas mãos, me passou entre os dedos um pedaço de papel que continha seu telefone. Amassei e joguei na minha bolsa.

João Paulo retornou à mesa e saímos. Senti que a conversa me excitou um pouco, ao ponto de cobrir melhor meu decote com os colares. De repente meus seios estavam mais pontudos. Na porta do restaurante nos despedimos com um beijo no rosto enquanto João Paulo observava atentamente todo movimento.

Dentro do carro, seguíamos em silêncio para casa. João Paulo estava novamente sombrio. Enquanto ele dirigia, eu lhe fazia carinho nos cabelos. Seu empreendedorismo era o que eu mais admirava nele. Sua força de vontade e garra o tornavam um homem desejável para qualquer mulher. Às vezes, por alguns momentos, me esquecia que estava num encontro com meu filho. Talvez o vinho estivesse começando a fazer efeito ou os galanteios de Cláudio haviam despertado algo em mim. Em dado momento, João Paulo se virou para mim com olhar sério.

— Impressão minha ou vocês estavam flertando lá no restaurante? – Perguntou, decisivo.

— Há, há, que bobagem é essa agora, menino? – Respondi, surpresa com a reação óbvia de ciúme que ele esboçou. – Respeite a sua mãe, eu nunca que me envolveria com uma criança!

— Mas vocês já se beijaram, ele me falou – retrucou, visivelmente enciumado.

— Ora, que bobagem, ele uma vez me roubou um beijo, e daí? – Respondi, aborrecida com a reação dele. – Foi um beijo igual ao que você diz que deu em Aline.

— Esse que é o problema – rebateu em tom agressivo.

— Olha aqui, João Paulo, não estou gostando do tom dessa conversa – respondi levantando a voz. – Respeite sua mãe.

Arrependido, aquiesceu fazendo um gesto com a cabeça e com voz rouca se desculpou:

— Por favor, mãe, me perdoe.

Constrangida por ter levantado a voz com ele, beijei sua fronte enquanto ele dirigia e tratei de fazer as pazes.

–Não é nada, não é nada, eu sei que você está muito sensível.

Já refeita do argumento infantil, retomei o foco e compreendi que meu filho estava muito sensível mesmo. Precisava dar um pouco de carinho a ele e procurar ajudar a refletir em seu problema atual. Já não via a hora de chegar em casa e lhe dar um abraço materno.

Chegando em casa, tirou os sapatos e se sentou no vão da porta, praticamente no chão, com uma lata de cerveja na mão. Seu olhar distante dava a entender que chegara a hora de começar a se abrir com o que tivesse lhe afligindo. Tirei os tamancos e me ajoelhei, debruçando-me em frente a ele e apoiando meus cotovelos em seus joelhos. Não percebi mas meus seios ficavam completamente a mostra, quase que saltando da camiseta. Neste momento ele fez menção de tocar meus colares. Absorto em seus pensamento e se refazendo da argumentação infantil que tivemos no carro, meus seios lhe chamavam a atenção naquele momento. Senti que estava carente.

— Esse colar foi você quem fez? – Disse, enquanto pegava nas pedras do meu colar, com os dedos levemente roçando em meus seios.

– É, comprei quilos dessas pedrinhas brilhantes. Deu pra fazer vários colares. – Respondi, olhando para eles e só aí pude notar que meus seios estavam muito a mostra.

Meio encabulada, espalhei mais os colares, com um leve sorriso. Ele notou meu rubor e fez menção de puxar a gola da minha camiseta pra cima, cobrindo meus seios. Neste movimento, seus dedos tocaram os bicos de um dos seios, que inexplicavelmente se encontrava bastante rijo. Talvez o vinho já estivesse subindo a cabeça e meu corpo respondia a estímulos no automático. Ao invés de me afastar, continuei próxima, alisando seus cabelos e procurando contato com seus olhos. Um misto de carinho maternal e curtição do momento íntimo. Tomei a iniciativa de mudar o rumo da conversa, em meio ao silêncio que se seguia:

— Fala, meu filho, o que que tanto te perturba? – Disse em tom carinhoso.

— Não sei se vale a pena falar sobre isso, mãe – disse em tom firme. — Ainda estou digerindo coisas, me conhecendo melhor. Esta situação toda pela qual estou passando está me fazendo refletir em muitas coisas. Por exemplo, acho que o problema da minha relação com Clara nunca esteve nela mas em mim.

A conversa parecia agora tomar um rumo. Ele falava sem necessariamente me olhar nos olhos, suas vistas repousavam para acima do meu ombro. Olhei rapidamente para trás, sem tirar as mãos do redor de seu pescoço, próximos que estávamos um do outro, ele sentado ao chão e eu de joelhos, entre suas pernas, com os cotovelos apoiados em seus joelhos, e notei que um espelho grande que havia na parede oposta denunciava que na posição em que eu estava, minha minissaia estava um pouco levantada, de forma que o começo da minha bunda estava visível. Era para aquele espelho que ele olhava.

Ao perceber que notei, ele tratou de esticar o braço e tentar puxar minha saia para baixo, terminando por repousar a mão em minha cintura e a outra no meu ombro, fazendo nossos corpos grudarem.

Me beijou carinhosamente na testa e daí no rosto. Correspondi acariciando seu pescoço com uma das mãos e a outra ainda nos cabelos. O vinho estava mesmo fazendo efeito. Perturbadoramente eu estava gostando do contato. Podia sentir sua respiração.

Neste momento seus lábios tocaram os meus. Sua respiração era mais intensa e me alertou para o perigo de tanta intimidade. Tentei desconversar:

— Esse batom que estou usando não é de morango não! – Disse entre sorrisos e mais alguns selinhos, fazendo menção de me distanciar um pouco.

Suas mãos firmes me mantinha gentilmente presa a ele e não me permitiam distanciar muito.

— Ah, não, é de que? – Respondeu ele, curtindo os beijinhos, com os lábios ainda mais molhados e rindo nervosamente.

Colei meu rosto ao dele para evitar os beijos e continuei a acariciar seus cabelos. Ele me abraçou também, ainda sentado ao chão, segurando meu corpo para mais junto do seu. Uma mão em minhas costas e a outra enlaçando minha cintura. Senti que minha respiração também estava mais intensa que o normal, talvez devido a posição desconfortável e por sentir-me presa.

Nossos rostos continuaram colados por mais alguns momentos. Eu alisava suavemente seus cabelos com ambas as mãos e ele, por sua vez, passeava com uma mão por minhas costas e a outra começou a descer, lentamente, por sobre minha saia, passando pela minha bunda, até parar no limite da coxa com uma das nádegas. Neste momento, enquanto estávamos abraçados e de rosto colado, senti que seu olhar estava fixado no espelho atrás de mim, de onde se via meu reflexo, de costas, com a saia levantada e uma de suas mãos pressionando minha coxa, quase a bunda. Minha respiração estava acelerada e a dele também. Senti que atingíamos um limite que, por qualquer precipitação poderia se tornar um grande constrangimento para ambos. Minha vista estava turva e eu sem ação, não me sentia pronta a interromper o que quer que fosse que ocorreria a partir dali. Me condenei por estar gostando do contato. Estávamos em silêncio e muito, mas muito lentamente mesmo, seus dedos começaram a roçar pela minha nádega. O indicador apertou fundo no contorno e roçou levemente na outra nádega, encostando na minha calcinha. A esta altura minha bunda deveria estar bem visível no espelho. Nossas respirações já se assemelhavam a gemidos. Meu corpo se sentiu invadido por um arrepio. Os carinhos agora se tornavam lentamente em carícias. Algo estava se acendendo em mim.

Balancei devagar a bunda, como se desse a entender que seu dedo me incomodava mas ele não se intimidou. O indicador continuava roçando em uma nádega e outra, lenta e nervosamente. Minha bunda devia estar totalmente à vista, aparecendo inclusive a calcinha preta, que contrastava com minha bunda branca. Pude sentir que a barra da saia estava bem levantada. O toque que era muito leve, começava a ganhar intensidade. O movimento que eu fazia com a bunda, para repelir sua mão se tornou um rebolado lento e esta dança devia estar deixando com que se excitasse com o que estava vendo.

Uma adrenalina tomou conta de mim e senti que o momento estava muito perigoso. Me ocorreu a ideia, em um lapso de segundo, de lhe dar um beijo tímido nos lábios e me afastar levantando. Mais um segundo e eu não responderia por mim. Estava desejando aquele homem, que era meu filho. Precisava evitar que acontecesse algo sério ali. Descolei o rosto e, ao tentar me afastar, nossos lábios se tocaram mas dessa vez se tornou um beijo enfurecido. De repente nossas línguas se entrelaçavam. Sua mão direita puxava meu rosto de encontro ao seu. Sua boca devorava a minha, dentes se chocavam e seus lábios me sugavam. Mesmo de olhos fechados podia sentir sua outra mão mais a vontade em minha bunda. Agora apertava firme, se aprofundando entre as nádegas, em busca da minha fenda.

Nossos corpos estavam colados, suados, aquele beijo enfurecido parecia que iria durar pra sempre, era um beijo faminto. Enquanto isso ele me apertava forte, puxando meu corpo junto ao dele. A mão que segurava minha nuca desceu e despiu minha camiseta. Quase sem parar de beijar, permiti que me despisse. A outra mão, enfiada no rego da minha bunda, apertando forte e já se enfiando na frente.

Ao ver meus seios desnudos, balançando loucamente, tratou de enfiar o rosto entre eles, com a mão direita, agora nas minhas costas, me dominando completamente, não me permitindo afastar do seu corpo. Sugava e beijava meus mamilos com apetite. Entre gemidos fortes me mordia, lambia, sugava, chupava, meus seios, pescoço, meu queixo. Estava faminto e eu, descoordenada. Seu corpo se esfregando contra o meu. Me entreguei completamente aquele momento. Respirava muito pesadamente. Precisava me agarrar ao seu pau.

Puxei o zíper de sua calça e dali saiu um membro como nunca havia visto. Lembrava do pau avantajado, quando criança, mas naquela hora seu membro era descomunal. Muito grosso, muito longo, úmido, vermelho e duro, muito duro, como um martelo. Fiz menção de chupá-lo mas não cabia em minha boca. Agarrei com as duas mãos, firmemente, para acaricia-lo, enquanto ele beijava meu pescoço. Parecia uma escultura. Apertei com força, fazendo com que ele emitisse um urro. Ali, deitado de costas no chão, como ele se encontrava agora, comigo por cima, tratei de encaixar aquele mastro no meio das minhas pernas, por dentre a calcinha. Minha boceta pulsava, de tão úmida que se encontrava, não sabia se conseguiria acomodar tudo aquilo. Era muita adrenalina. Aquele pau enorme iria me possuir, me penetrar toda. Fiquei com medo de me machucar. João Paulo estava muito afoito. Me encaixei em seu pau devagar, enquanto ele se agarrava em meus seios, um em cada mão, apertando com força e comecei a fazer os movimentos de fricção com o pau enfiado em mim. Era muito grande, chegou até a machucar um pouco mas estava muito quente e me penetrou por completo. Comecei a pular sobre ele, arrancando gemidos fortes. Estávamos com febre de sexo. Eu não me controlava mais, buscava um alívio para a sensação que estava sentindo e este alívio seria um orgasmo.

Me senti uma puta e estava gostando. Minhas mãos beliscavam seu peito. Minha cabeça balançava. Eu tremia toda e rebolava em cima do seu pau. Ainda agarrando e puxando meus seios ele levantou a cabeça para olhar o espelho e, com certeza viu minhas costas desnudas, a saia totalmente levantada e minha bunda remexendo num rebolado frenético num levanta e abaixa, com seu pau enorme ligado ao centro. Esta imagem deveria estar deixando com que enlouquecesse porque os urros aumentavam. Eu pulava por cima dele com intensidade. Buscava o gozo.

Puxei uma de suas mãos para minha bunda, indicando que queria ser penetrada por trás também. Precisava de um dedo, dois talvez e ele enfiou três, tão agoniado que estava. Me senti preenchida e cavalgava loucamente por sobre ele. Meus cabelos em desalinho. Logo ele gozou e gozou muito. Me senti preenchida mas ele não dava sinal de arrefecer. Continuou abraçado comigo, com o pau ainda dentro, sem dar sinal de amolecer e sugava meu pescoço e uma mão apertando os seios e a outra com os dedos enfiados na minha bunda.

Eu estava totalmente entregue mas ainda não havia gozado. Me tirou de cima dele, levantou-se e me pegou no colo. Eu não parava de gemer. Envolvi meus braços em seu pescoço, enquanto me conduzia para a cama, ainda com a respiração pesada e o pau completamente duro.

Me deitou cuidadosamente de lado, esticando minha perna direita e posicionando a esquerda um pouco levantada, de forma que o volume da minha coxa aumentava. Carinhosamente começou a enfiar o membro em minha boceta, por trás, enquanto segurava minha perna esquerda para não me mover. A seguir, com a mão direita agarrou meu seio esquerdo e, com a outra mão apertando minha bunda, enfiou o polegar esquerdo em meu ânus. Gemi de prazer.

Abaixei o rosto e pude ver seu pau entrando e saindo do meio das minhas coxas. Aquela viga não parava e penetrava cada vez com mais com intensidade. Se abaixou para sugar meu seio e lamber meu pescoço. O polegar esquerdo estava totalmente enfiado no meu rabo e o pistão estava prestes a ejacular de novo. Largou meu seio e enfiou dois dedos da mão direita na minha boca, que chupei avidamente. Movia seus dedos em sincronia com minhas chupadas.

Não demorou muito e senti sua explosão de prazer através do líquido quente que começou a vazar pela cama mas eu ainda não havia gozado.

Ele se virou para o lado com o pau melado, agora meio mole e pensei que terminaria ali mas aquele era o momento de deixar de ser submissa. Ainda estava elétrica e queria desesperadamente gozar. Agarrei seu pau, com sofreguidão e enfiei na boca. Mesmo amolecido era grande demais para mim, Suguei enfurecida até sentir endurecer. Aos poucos tomou conta da minha boca. O esperma que cobria a cabeça se misturava a minha saliva. João Paulo gemia se contorcendo. Agarrou minha nuca e começou a puxar minha cabeça, num vai e vem frenético. O pau entrava e saia da minha boca. Não tinha como engoli-lo todo. Só até minha garganta mas foi o suficiente para ressuscitar o martelo.

Mordi e lambi todo o comprimento do pau, deixando bem molhado. Suas mãos percorriam minhas costas. Por vezes cravava as unhas, me beliscando. João Paulo ainda tinha planos. A seguir, sem dizer uma palavra, me colocou de quatro. Levantou a minha saia, que era a única coisa que eu ainda vestia, tirou minha calcinha e começou se posicionar de pé atrás de mim. Encostei a cabeça no travesseiro, com a bunda para o ar, totalmente arreganhada. Minha boceta já inchada, tremia, minha bunda suava. De onde estava com a cabeça, só via seus pés enormes na altura de minha barriga. Ele não se ajoelhou. Iria me comer de cócoras. Uma mão em minha cintura, apertando com sofreguidão e a outra abrindo minha bunda, alargando meu ânus com o dedo, para enfiar o pau, ainda faminto. Acariciei e apertei um dos seus pés, já me apoiando pelos cotovelos.

Estava em uma missão e esta missão era matar uma fome contida. Eu, ainda agoniada, não havia ainda gozado e buscava um alívio para a minha tensão. Não havia nada que eu pudesse fazer, somente permitir a consumação do que havíamos começado. Agora João Paulo queria comer meu rabo e iria meter forte.

Senti o pau grosso penetrando devagar. Mordi os lábios. Duvidei que fosse entrar tudo. Meu corpo todo tremia. Meu gemido agora era quase um choro. Aquele pau era muito grosso. Engoli aquele pau com a bunda.

Ao se encaixar todo, com muito sacrifício, começou a me socar violentamente. uma mão segurava um dos meus seios vigorosamente e a outra, se aprofundava na minha boceta, com movimentos de vai e vem. Quanto mais ele socava, mais eu empurrava minha bunda para trás, para que o pau penetrasse por inteiro. Queria cada centímetro do martelo dentro do meu rabo.

João Paulo socava forte. O cheiro de sexo inundava o quarto. Nossos corpos suados contribuíam para elevar ainda mais a tensão sexual que permeava tudo. Não havia limites naquela hora. Éramos homem e mulher em busca do prazer, em meu caso do alívio proporcionado pelo orgasmo, que não tardou a acontecer.

Veio numa de suas ejaculadas fortes, como uma explosão. Senti o calor do líquido preenchendo meu corpo. Sua mão quase que toda dentro da minha boceta. Estava completamente penetrada. Rebolei enlouquecida. Senti o gozo percorrer todo meu corpo. Soltei um grito sofrido e lágrimas brotaram de mim. Gozei como nunca havia gozado. Não queria que aquele momento terminasse. João Paulo também gozou e gozou forte. Suas mãos agora percorriam meu corpo, apertando, beliscando, esfregando.

Seu esperma estava espalhado por toda a cama. Meu corpo exaurido. Ficamos estáticos, ali parados, até que ele retirasse o seu pau da minha bunda. A seguir nos deitamos lado a lado, sem nos olhar. Começaria agora a cair a ficha do que havíamos acabado de cometer.

Ficamos ambos por vários momentos olhando para o teto. Um sentimento de repulsa começou a me tomar. Havia feito sexo com meu filho e sexo selvagem.

Me levantei e fui procurar por uma camisola. Ele botou a cueca e foi procurar pela lata de cerveja.

Sua aparente frieza me perturbou. Havíamos acabado de transar e não trocamos uma palavra. Fui pra cozinha fazer café, em silêncio. Ele logo se sentou à mesa, ainda sem camisa e após vários minutos em silêncio, iniciou a conversa:

— Mãe, foi bom pra você também? – Perguntou, sem se dar conta da gravidade do que fizemos.

Me sentei à mesa, ainda tremendo muito, por haver tido um orgasmo como nunca e também pelo sentimento de culpa.

— Você sabe muito bem que o que fizemos é muito errado, ne? – Falei, dando um tom mais formal a conversa. — Ninguém pode saber do que aconteceu.

— Mãe, você não deve se sentir assim – disse muito seriamente. — Ninguém nunca vai saber mas não temos que nos envergonhar de nada. Eu sempre tive muito tesão por você e o que aconteceu, iria acabar acontecendo um dia.

A simplicidade com a qual ele falava sobre isso me perturbava. Nunca poderia imaginar que meu próprio filho me enxergasse como mulher. Isso era inconcebível. Enquanto tentava resolver em minha cabeça como um ato decorrente de suas carências e das minhas, ele tratava tudo com muita naturalidade.

— Meu filho, incesto é pecado – sentenciei. — Não me orgulho disso e vamos tentar esquecer que isso aconteceu.

— Não mãe, eu nunca vou esquecer – disse assertivamente. — Pra mim foi muito bom, melhor momento da minha vida e me ajudou a resolver muita coisa dentro de mim.

— Como assim? – Perguntei, intrigada.

— Eu sempre tive tesão pela senhora – e continuou: — Meus amigos desconfiam, Clara meio que já desconfia e é verdade, tive um caso com a Aline durante muito tempo, não ficou só nos amassos.

Naquela hora o céu despencou sobre mim. Sentada que estava, me faltou chão. Meu filho estava ali a me fazer confidências que desejava nunca ter ouvido. As suspeitas quanto Aline se confirmaram e a mesma foi capaz de ocultar de mim algo tão importante. Me senti traída. E continuou:

— Eu sempre me interessei por mulheres mais velhas porque procurava transferir o que eu sempre senti por você – esclareceu. — Só você que nunca percebeu. Sexo com Clara nunca me interessou. Não era culpa dela, mas minha. Agora isto está bem resolvido em mim. Eu também não aceitava isso mas agora a casa caiu, não carrego mais esse tabu na minha alma. Transamos, foi bom e agora bola pra frente!

Eu não estava convencida que tudo era tão simples assim. Pedi que me contasse em detalhes sobre o caso que teve com Aline e o que mais eu não tinha conhecimento. Por um longo tempo ficamos ali mesmo, sentados à mesa, com João Paulo recordando as vezes que levou Aline para o motel. A investida fracassada que deu em outra amiga minha, sem sucesso e que nunca fiquei sabendo. Das vezes que me fotografou nua, sem eu perceber.

— João Paulo, seus irmãos sabem sobre isso? – Perguntei aflita.

— Não, eles não sabem, só meus amigos que desconfiam porque fico muito alterado quando falam do desejo que sentem por você – e emendou. — Você deu pra algum deles? Com o Cláudio só ficou no beijo?

— Não meu filho, nunca dei pra nenhum de seus amigos, muito menos para o Cláudio – respondi, em tom agressivo e continuei: — Afinal, por que a mãe de Clara me ligou? O que está acontecendo?

— Cláudio e ela estão tendo um caso, ontem os flagrei na cama – disparou. – E o pior de tudo foi que eu havia incentivado Cláudio, assim como sempre o incentivei a perseguir você. Até aí tudo bem, não fosse o fato de que eu também venho mantendo um caso com ela há muito tempo.

— Meu Deus! Que horror que você está me dizendo. Quer dizer que você sempre incentivou Cláudio a me perseguir e também à Magda? – Retruquei apavorada.

— Cláudio não tem culpa. Eu que me projetava nele para realizar minhas fantasias – disse serenamente e continuou: – Brigamos, fizemos as pazes e quero dizer que me sinto muito orgulhoso que a senhora não tenha cedido a ele.

— Que horror, João Paulo, você está me dizendo que queria me colocar nas mãos de um garoto tarado? Era só o que me faltava – retornei indignada.

Agora tudo ficava claro para mim. No final das contas era tudo um jogo. Corações alienados em busca do prazer instantâneo. Na criação de meus filhos não pude detectar que João Paulo cultivava atração por mim e que havia encontrado em Cláudio o adubo perfeito para desenvolver o seu fetiche. As novas informações não me surpreendiam mais.

— E como fica Clara em tudo isso? – Perguntei, por fim.

— Clara nunca me interessou, queria mesmo era Magda, com quem espero manter o relacionamento – respondeu friamente. – Ontem conversamos muito e decidimos nos assumir. Ela se arrependeu muito de ter se envolvido com o Cláudio e eu percebi o quanto gosto dela.

A história havia se tornado densa. Não conseguia ver uma conclusão fácil. Para finalizar, perguntei:

— Era isso que te afligia? Agora que seu casamento acabou, você queria me falar que tinha desejo por mim, era isso? – Perguntei incisiva e já me sentindo usada. O que a princípio parecia um acidente de percurso era na verdade uma armadilha engendrada por meu filho para me comer. Enfim, estava sendo manipulada.

— A senhora está levando isso muito a sério. Vamos encarar como um fato consumado – disse, em tom enfático. – O que passou, passou, o mais importante agora que eu quero lhe dizer é que eu e Magda resolvemos assumir nossa relação, ela vai se separar do marido e vamos morar juntos. Isso é que é importante.

Agora que o mundo despencava mesmo para mim. Meu filho iria morar com a sogra. O que o todos iriam pensar? De onde saiu essa realidade paralela que em um segundo comecei a viver? Tão cansada que estava, não conseguia absorver tanta informação. Era muito para mim.

João Paulo continuou dizendo que ele e Magda começaram a ter um caso logo após o casamento. Que logo virou uma paixão. Disse que ele havia confidenciado a ela que nutria tesão por mim. O cenário todo era muito tragicômico para mim. Envolver Cláudio em suas fantasias era a forma de testar suas próprias chances.

O dia já estava amanhecendo e pedi a João Paulo para ir embora. Precisava colocar os pensamentos em ordem. Talvez dormir um pouco e acordar de um sonho. Já não sabia o que pensar. Só sabia que a partir dali minha vida viraria de ponta cabeça. A jornada de meu filho em busca de um estado de espírito de alívio com sua consciência poderia estar chegando ao fim mas a minha estava apenas começando. Aos 50 anos teria que repensar tudo o que havia feito na vida, meus conceitos, preconceitos e atitudes que deveria tomar dali pra frente e isso começava agora.

Na hora de partir, tanto eu como ele não sabíamos ao certo que atitude tomar, se trocávamos um beijo, um abraço, sei lá. Só sabia que meu corpo ainda tremia muito. Nunca havia experimentado um sexo tão bom. Isso era inegável. Só não sabia como lidar com a bagagem que vinha atrelada a ela.

João Paulo foi embora e ao invés de tentar dormir, ainda fui ao banheiro me masturbar. Seria impossível dormir com tanto tesão acumulado. Procurei na bolsa pelo papel amassado e fiz a única coisa que poderia fazer naquele momento. Não havia mais nada que me prendesse. “Num mundo tão superficial só me restava seguir o fluxo e me tornar também um coração alienado” – pensei, enquanto discava o número rabiscado no papel. Alguém atendeu prontamente do outro lado da linha, parecia que já aguardava a ligação. Ordenei imperiosa:

— Olá, Cláudio! Aqui quem fala é a tia Rute. Venha aqui em casa, tenho umas brincadeiras novas pra fazer com você…

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