maio 15 2016
O outlet da vendedora
Toda sexta-feira, quando chegam os novos carregamentos de roupas na loja, Bárbara, a vendedora mais antipática, deixa de lado as clientes e vai direto ao estoque conferir as novidades. Ainda mais neste dia, quando soube pelo gerente que receberiam a primeira leva da coleção de inverno. A metidinha de vinte anos e cabelos escuros chanel passa o dia fazendo pouco das compradoras e irritando as colegas de trabalho, como de hábito, e logo corre para os fundos da loja assim que ouve seu nome ser chamado no alto-falante. Imediatamente as outras vendedoras se entreolham, expressando toda desaprovação pela garota. Toda semana tem sido isso, mas hoje elas esperam que seja diferente…
Agradece de passagem a estoquista, sua única amiga de trabalho – por conveniência, claro –, e avança direto às caixas e pacotes, abrindo-os, retirando as peças e amontoando-as em um carrinho que pegou de passagem. Vai até o vestiário feminino, a essa hora vazio, e se despe, ficando apenas de calcinha. Joga todas as peças de roupa que pegou no chão, e então procura por um vestidinho azul curto que lhe chamou muito a atenção. Quando o encontra, coloca-o à sua frente e se olha no espelho. É lindo, mas percebe que ele é estreito demais pros seu porte de corpo, com quadris e ombros mais largos. Mesmo assim, resolve tentar experimentá-lo. Em vez de vesti-lo da cabeça aos pés, resolve colocá-lo do modo inverso. À medida que o puxa para cima, a resistência do tecido é cada vez maior. Mesmo assim consegue deixá-lo rente a calcinha, e a parte de cima por baixo de seus volumosos e arredondados seios naturais.
Enquanto se observa no espelho, fazendo poses, usa as mãos para brincar com seus mamilos ligeiramente rosados, quase branquinhos. Então tem a ideia de que uma jaquetinha jeans, que viu pouco tempo atrás no meio daquelas peças de roupas, poderia lhe cair bem. Veste-a, o que a faz ficar com os seios parcialmente cobertos. Puxa o pano, a fim de abotoá-la, mas como ele é pequeno em comparação aos seus dotes, tem certa dificuldade, até que consegue prendê-lo na última casa, deixando um generoso decote com duas belas e branquinhas almofadas a mostra. Torna a olhar no espelho e gosta do que vê, com exceção de algo – a calcinha, que está muito marcada sob o tecido. Tira-a, e… agora sim, está satisfeita. Um belo e ousado look para uma baladinha, pensa, ainda que, ao tentar fazer alguns movimentos de dança, perceba a dificuldade em se sentir confortável dentro daquela roupa superapertada.
Antes que possa pegar o celular pra registrar sua prova de roupa, a estoquista entra sem bater, deixando Bárbara azeda. E ela faz questão de esclarecer isso claro enquanto avança raivosamente em direção a outra, dizendo que numa dessas ela podia estar sem roupa. A mulher, coitada, só tem a pedir desculpas e dizer que apenas entrou lá dessa forma porque a estão chamando com urgência na loja. Sem pensar, a vendedora vai embora bufando, sem se dar conta de que deveria ter trocado a roupa. Quando a vendedora aparece de novo na loja, vinda do fundo, com o look sensual que não condiz com os feios e velhos uniformes de trabalho, suas colegas de loja tornam a se entreolhar, sabendo que estão muito próximas de sua vingança. Com nariz empinado, Bárbara coloca um chiclete na boca e segue para seu setor.
Ao ver a subgerente se aproximar, masca o chiclete com mais ênfase, cruza os braços e a encara, deixando seus seios ainda mais evidentes dentro da jaquetinha. Faz isso de propósito, para testar a reação da “tábua quarentona”, como sempre se refere à chefe nas poucas palavras que troca com as outras moças. A subgerente finge um olhar de inveja, se esforçando para tratá-la da mesma forma de sempre, evitando que a subordinada perceba algo diferente no ar – sim, ela é mais uma das que tramam contra a vendedora insolente. Primeiro, lhe adverte sobre a roupa que está usando, o que é prontamente ignorado por Bárbara, que não diz uma palavra e desvia o olhar. Depois, sabendo de sua costumeira falta de paciência, manda-a para o caixa… de idosos. Bárbara então a encara novamente, e se aproxima da subgerente, encostando seus seios nela, fazendo-a sentir sua respiração ofegante e o roçar de suas partes íntimas.
Para o desespero da vendedora, a fila está grande, e o falatório das senhoras e senhores não é dos mais elogiosos. Ao se sentar em frente a caixa registradora, Bárbara percebe que não poderia ter escolhido roupa menos adequada. Vendo-se obrigada a puxar o vestido até acima do ventre, encosta-se junto ao balcão e o faz. Quando olha para os lados, as outras caixas a observam com atenção, rindo de vê-la com os quadris desnudos. Sente raiva, mas prefere engoli-la pois sabe que ainda tem muito serviço pela frente, e, além do mais, escolheu ficar com aquela roupa. Agora, tem de ir até o fim. A cada compra, é obrigada a se levantar com cuidado, puxando rapidamente o vestido pra baixo, e ir um pouco mais para o lado a fim de retirar as travas de proteção das peças e dobrá-las para colocá-las nos pacotes. Depois, volta ao caixa e sobe a roupa ao sentar, para finalizar a compra. Depois de duas horas, alguns chicletes grudados na beirada do balcão e todas as reclamações ouvidas e prontamente rebatidas, a concentração de Bárbara já não é mais a mesma, e todas as colegas de trabalho a sua volta estão atentas, esperando ansiosas pelo momento em que…
Se levanta, automaticamente, quando a nova cliente, uma senhora de sessenta e cinco anos com roupas de ginástica e bem forte fisicamente, coloca as peças que vai comprar sobre o balcão. Não nota a ironia da mulher ao comentar sobre o calor fora de época e como é bom ficar à vontade em dias assim, tampouco nota os cochichos dos clientes ao seu redor após alguns segundos de silêncio quase absoluto. Nem se dá conta dos celulares câmeras apontados em sua direção, principalmente por parte daquelas que esperaram durante algum tempo aquele descuido finalmente acontecer. Bárbara só percebe que está com as suas partes íntimas a mostra depois de encostar o ventre no balcão e sentir um leve dolorido ao tentar se mover. Olha para baixo, e vê uma massa compacta de chicletes grudados em seus pelos pubianos que, ainda há pouco, foi identificado por algumas mulheres como a depilação bate coração. Olha para frente, e vê a senhora rir de forma irônica enquanto busca, sem sucesso, se desgrudar. Olha para os lados sem conseguir realmente ver a cara das pessoas por causa do nervosismo, mas, ainda assim, lhes pergunta rispidamente o que estão olhando. Procura puxar o vestido para baixo, não só para esconder a vagina, como também as medianas nádegas completamente expostas, mas seus dedos não respondem corretamente, e ela desiste, voltando sua atenção para tentar arrancar seus pelinhos dos chicletes.
As colegas de trabalho, óbvio, não se movem um milímetro para ajudá-la, e se entreolham radiantes, sabendo que aquilo está saindo melhor do que o imaginado – a vingança é um prato que se come frio, pensam, e tem um gosto saborosíssimo, concluem, quando ouvem Bárbara pedir por uma tesoura. A moça, até poucos minutos atrás ainda tão rompante, agora pede por ajuda! Como nada acontece, a senhora resolve entrar no reservado das caixas e ir para trás da jovem, pondo as mãos sobre seus quadris e puxando-a com força. Apesar de apenas alguns pelinhos serem arrancados do ventre de Bárbara, é o suficiente para fazê-la gemer de dor e berrar xingamentos contra a única pessoa que lhe estendeu a mão. Se até então havia alguém na loja que não tinha prestado atenção na cena, ela acabou de garantir audiência total.
Enquanto a vendedora massageia a parte exposta do ventre, em uma tentativa apenas paliativa de fazer cessar a dor, a senhora, inconformada com a ofensa recebida, envolve seus braços no tronco de Bárbara e a movimenta para baixo e para cima. A jovem sente tanto a dor da depilação forçada que não percebe quando seus volumosos seios começam a ser completamente expostos por baixo da jaquetinha, e o chacoalhar é tão intenso que os clientes até vibram com aquele espetáculo. Algumas dezenas de segundos depois a última parte dos pelos pubianos de Bárbara é arrancada e a jovem cai de joelhos no chão, sentindo um ardor que a impede de colocar as mãos sobre a vagina agora quase totalmente depilada e bem avermelhada.
Quando olha pra cima e vê aquele mundaréu de gente em torno do balcão lhe observando e filmando, se levanta o mais rápido que consegue e vai em direção a portinhola do balcão, mas quatro vendedoras estão postadas ali, impedindo sua passagem. Ao se voltar para as caixas, vê as moças vindo em sua direção, e só consegue pensar em uma saída: sobe no balcão, primeiro ficando de quatro e depois se levantando, dando aos espectadores um novo ângulo de sua nudez. Tenta correr, mas as roupas espalhadas e os monitores impedem um avanço rápido, fazendo-a saltitar e postergar ainda mais sua fuga. O que dá ideia a uma das clientes de bater nas nádegas de Bárbara com um cabide, prontamente seguida pelos demais, e também pelas caixas, que usam cintos, tornando o avançar da vendedora ainda mais tortuoso. Ao perceberem, então, que a jovem procura um espaço para descer, se aglutinam em volta do balcão, fazendo-a, por alguns minutos, mover-se de um lado ao outro numa passarela improvisada e humilhante.
Ao finalmente encontrar uma brecha, Bárbara não pensa duas vezes e pula pro chão, correndo desesperada para os fundos da loja, mas outro grupo de vendedoras fecha sua passagem. Continuando a correr, agora na direção inversa e com a plateia às suas costas, deixando nítidas as marcas vermelhas em suas nádegas, a arrogante vendedora só tem uma opção: a saída da loja. Para lá não existem bloqueios, apenas a rua e o grande movimento de uma sexta-feira a noite…
Nem é preciso dizer que Bárbara nunca mais voltou à loja para pegar sua bolsa e objetos pessoais em seu armário no vestiário. Mas teve de ir a delegacia acusada, pelo jurídico da loja de ficar nua em suas dependências e de roubo de suas mercadorias, uma vez que levou consigo o vestido e a jaquetinha. Apesar de tudo, com a fama obtida nas redes sociais, foi contratada como garota-propaganda de uma nova marca de gilete no mercado.
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