Meu titio e eu – Capítulo 2

Essa é a história de uma menina de 9 anos que foi morar com o seu tio.

Este é o segundo capítulo.
Pra ler o primeiro e compreender melhor o que aconteceu anteriormente, clique no link:
Meu titio e eu – Capítulo 1

Minha mãe não trabalhava de carteira assinada. Recebeu apenas os dias trabalhados. A sua amiga lhe emprestou dinheiro a conta pra viagem pra Europa. Então meu tio teve que me buscar aqui em São Paulo. Veio muito contente, ele estava muito animado. Talvez ele se sentia muito só por morar sozinho.
Não tinha mala, apenas minha mochila da escola. Então eu não podia levar todas as minhas coisas. Mas também não tinha muitas coisas. Minha mãe ia me ajudar a escolher o que levar. Contudo, ela estava muito ocupada preparando sua mala também. Tínhamos que sair da casa da senhora logo. Então ela pediu pra eu colocar numa metade da cama tudo o que eu ia levar e na outra metade, tudo o que ia ficar.
Na metade que ia, coloquei minhas roupas mais bonitas, minha escova de dente, meu pente, minha boneca e suas roupinhas, que eram meus únicos brinquedos e minha bolsinha de lápis. No lado que ia ficar, tinha meus cadernos, minha roupa de cama, que apesar de gostar do meu travesseiro e da minha colcha da turma da Mônica, não caberiam na mochila e as roupas mais velhas. Quando terminei, chamei minha mãe para avaliar. Do lado que estavam as coisas que iam, ela tirou duas camisas e um short, que estavam rasgados e manchados. E também passas ou um pente fino nas minhas calcinhas. Eu tinha colocado todas as sete pra levar. Mas ela tirou uma que estava furada, uma manchada e outra de tão velha, estava bem relaxada.
— Nossa mãe, mas só ficaram quatro calcinhas!
— Essas outras você não pode levar filha, estão muito velhas, o que seu tio vai pensar da gente! Vai usando e lavando, quando eu receber o primeiro salário, vou mandar um dinheiro pra ele comprar tudo o que você precisa. Roupas novas, roupa de cama, material escolar. Nossa vida vai mudar. Mas você vai ter que aguentar esse primeiro mês, seu tio também não ganha muito bem. Não peça nada a ele, até eu mandar o dinheiro.

Era hora de partir. Minha mãe foi pro aeroporto e eu e meu tio para a rodoviária. Foi muito triste a despedida, mas meu tio fez de tudo pra eu me sentir melhor. Me abraçou, me pegou no colo, me levou num supermercado e deixar eu escolher um tanto de coisa gostosa pra comer na viagem.
— Minha mãe disse pra eu não te pedir nada, até ela mandar dinheiro, pra não ficar caro para você.
— Pode pegar o que quiser Michele. Realmente vamos passar um pouco apertado até sua mãe receber lá. Meu salário vai quase todo embora com o aluguel e as contas, é só a conta pra eu sobreviver. Mas a viagem vai ser longa e você merece um prêmio pela sua coragem de deixar sua mãe partir.
Mesmo assim fiquei sem graça. Aí ele ia vendo as coisas gostosas e perguntando se eu gostava, aí ele ia colocando no carrinho. Salgadinho, balas, chocolates… parecia um sonho.
A viagem durou a noite toda, e parte da manhã. Em fim, estava em minha nova casa.
Agora era apenas meu tio e eu!

Continua…